Resumo

O artigo propõe analisar criticamente as aproximações históricas e ideológicas entre o Surrealismo e a Internacional Situacionista (I.S.), abrangendo o período de existência dos dois movimentos, de 1924 a 1972. O objetivo geral do artigo é estabelecer as relações históricas e ideológicas entre o Surrealismo e a I.S., examinando os movimentos que dão origem aos dois movimentos, o Dadá em relação ao Surrealismo, e os movimentos: Letrista, Internacional Letrista, COBRA e Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista – M.I.B.I., em relação à I.S.. O objetivo específico é analisar a prática de apreender o espaço urbano através do andar, que toma diferentes formas ao longo dos movimentos Dadá (visita), Surrealismo (deambulação) e Situacionismo (deriva), cuja referência moderna inicia-se na figura do flâneur, de Charles Baudelaire. A importância da pesquisa está relacionada a dois aspectos gerais que decorrem da prática de apreender o espaço urbano através do andar. O primeiro está relacionado aos reflexos no campo da geografia e da etnologia urbana, a qual essa prática é adotada como método de análise, aproximando os mapas psicogeográficos situacionistas dos mapas cognitivos de Kevin Lynch; o segundo está relacionado aos reflexos no campo da arte contemporânea, no qual as ideias de obra coletiva, ressignificação de espaços urbanos, participação, construção efêmera e evento são recorrentes. A metodologia utilizada examina de forma comparativa os textos primários produzidos pelas vanguardas citadas, assim como suas produções artísticas, contrapondo suas ideias no campo da arte, cultura, e meios de ação nos espaços urbanos. Os textos secundários fornecem um panorama mais amplo do universo surrealista e situacionista no contexto das décadas de 20 a 70, auxiliando na compreensão de seus posicionamentos críticos e nas ressonâncias de suas obras e ideários no século XX.

Palavras - chave: Internacional Situacionista, Surrealismo, Dadaísmo, Guy Debord, André Breton

Abstract

The article aims to critically analyze the historical and ideological similarities between Surrealism and the Situationist International (S.I.), covering the period of existence of the two movements, 1924-1972. The overall aim of the paper is to establish the historical and ideological relations between Surrealism and S.I., by examining the movements that give rise to the two movements, Dada in relation to Surrealism, and movements: Lyricist, International Lyricist, COBRA and International Movement for a Bauhaus Imaginista - MIBI in relation to the S.I.. The specific objective is to analyze the practice of apprehending the urban space through the floor, which takes different forms over the Dada movement (visit), Surrealism (deambulation) and Situationism , whose modern reference starts at the figure of the flâneur, created by Charles Baudelaire. The importance of research is related to two general issues arising from the practice of apprehending the urban space through the floor. The first is related to reflections in the field of urban geography and ethnology, which this practice is adopted as a method of analysis, approaching the maps psychogeographical situationists of cognitive maps of Kevin Lynch; and the second is related to reflections in the field of contemporary art, in which the ideas of collective work, reframing urban spaces, participation, construction and ephemeral event is recurring. The methodology examines comparatively the primary texts produced by the aforementioned avant-garde, as well as their artistic productions, opposing ideas in the field of art, culture, and means of action in urban areas. Secondary texts provide a broader overview of surrealist and situationist universe in the context of decades 20-70, aiding understanding of their critical positions and the resonances of his works and theories in the twentieth century.

Keywords: Situationist International, Surrealism, Dadaism, Guy Debord, André Breton

A prática de explorar e vivenciar a cidade através do andar, é adotada a partir de diferentes paradigmas por artistas, poetas, filósofos, sociólogos e arquitetos ao longo da história. Segundo o autor Keith Bassett, podemos relacionar essas experiências desde a ideia de flâneur, de Charles Baudelaire, vivenciada na Paris da virada do século XIX, passando pela primeira visita dadaísta à igreja “Saint Julien Le Pauvre”, em abril de 1921, as deambulações surrealistas, cuja primeira experiência ocorre em maio de 1924, as explorações urbanas de Walter Benjamin, as derivas da Internacional Letrista, as quais em seguida se tornam situacionistas, realizadas entre as décadas de 1950 e 1960, os percursos dos artistas da Land Art como Tony Smith, Richard Long e Robert Smithson, realizadas entre as décadas de 1960 e 1970, assim relacionados pelo autor Francesco Careri, as próprias experiências de Careri em suas caminhadas pela cidade de Roma, com o grupo italiano “Stalker”, e as recentes experiências de psicogeografia em Londres, organizadas pelo autor Ian Sinclair, ambas iniciadas na década de 1990. No Brasil, segundo a autora Paola Berenstein Jacques, também existem aproximações com os trabalhos dos artistas Flávio de Carvalho com sua “Experiência n°2”, de 1931, e Hélio Oiticica com o seu “Delírio Ambulatorium”, de 1978. Fica evidente que devido à diversidade dessas experiências com contextos históricos divergentes, cada grupo ou artista tenha desenvolvido diferentes práticas de abordagem do espaço, com táticas, objetivos e estratégias específicas, gerando novas formas de investigar a cidade através do andar.

Este artigo não se propõe a analisar todos esses movimentos e os aspectos de suas ações na cidade. Delimita-se a expor um panorama das aproximações históricas e ideológicas existentes entre o movimento Surrealista (1924-1966) e o movimento da Internacional Situacionista (1957-1972), para se debruçar mais especificamente sobre a prática de apreender o espaço urbano pela ação do andar, que se origina na ideia do flâneur e percorre o dadaísmo, o surrealismo e o situacionismo, sob a forma de visita Dadá, de deambulação e de deriva. Além disso, faremos a genealogia desses movimentos, retornando às vanguardas que dão origem ao Surrealismo e à Internacional Situacionista. Através do movimento Surrealista podemos construir um panorama histórico e relacionar todos os movimentos de vanguarda de nosso interesse, a partir das suas três fases históricas. A primeira de fundação e derivação das experiências

dadaístas, a segunda de engajamento político e adesão Partido Comunista Francês (PCF), e a terceira de declínio e maximização do ocultismo.

O surrealismo nasce em 1924, a partir da dissolução do Dadá de Paris. O Dadá foi um movimento artístico de projeção e influência internacional, no qual os seus principais centros irradiadores foram as cidades de Zurique (1916-1919), Nova York (1916-1918), Berlim (1918- 1920), Hannover (1918- 1920), Colônia (1918- 1920) e Paris (1919- 1922). O movimento teve início no ano de 1916, simultaneamente em Zurique e Nova York. O espírito Dadá foi formado pelo horror às atrocidades da guerra, ao nacionalismo e ao pensamento racionalista que conduziram o mundo à carnificina das trincheiras, os quais levam os dadaístas a constituírem um movimento de negação dos valores do mundo e da arte ocidental. A rejeição da arte proclamada por Dadá ganhou a forma de antiarte, materializando o desejo de criticar e questionar o sentido de sua época, desprezando tudo o que se consolidou como arte até então.

Após ter fenecido em Zurique, Nova York e Berlim o dadaísmo que crescia em Paris atraiu a vinda de seus grandes artistas que fortaleceram o movimento. Quando Tzara chega à cidade, no final de 1919, já era esperado por Breton, Aragon, Soupault, Ribemont-Dessaignes, Picabia, entre outros, que finalmente fundam o Dadá parisiense. A liderança do movimento permaneceu nas mãos de Tzara, Breton e Picabia, e suas respectivas revistas, “Dadá”, “Littérature” e “391”, foram os principais meios de divulgação da propaganda Dadá. (RICHTER, 1993, p.231). As inovações literárias, assim como as experiências no campo da ofensa em massa ao público, já iniciadas anteriormente noutros núcleos Dadás, agora aperfeiçoadas, foram arrebatadoras nos seus primeiro anos de atividade do grupo em Paris.

Porém, por volta do ano de 1921, a maneira já estereotipada das mesmas estratégias de choque, provocações e algazarras dadaístas, envergonhava uma parcela do grupo. Dois planos foram propostos para a renovação das atividades dadaístas, o primeiro consistia em realizar excursões em uma série de lugares que definitivamente “não tinham razão de existir”, com o intuito de realizar a dessacralização total da arte e fundir a arte com a vida, enquanto o segundo era promover um processo difamatório contra o poeta Maurice Barrès (RICHTER, 1993, p.256). Optou-se pelas excursões, a primeira visita Dadá foi realizada na igreja abandonada de “Saint Julien Le Pauvre”, em abril de 1921, porém no dia marcado para a realização do evento choveu e poucas pessoas apareceram. Depois desse fracasso, logo a ideia foi abandonada e todos se concentraram na promoção do processo difamatório contra o poeta Maurice Barrès. Ele foi encenado no dia 13 de maio de 1921, e causou grande polêmica entre os dadaístas, evidenciando as diferentes correntes dentro do movimento, representadas por Tzara, Picabia e Breton. Após os conflitos gerados pelo episódio de Barrès, o Dadá estava abalado e entra em sua fase de desagregação final, a partir do evento que ficou conhecido como o “Congresso de Paris”, no qual Breton, eleito o representante do movimento no congresso, foi acusado de traição por não ter defendido o ideário do grupo, para Breton a época da anarquia havia acabado. No ano de 1922, Tzara encerra as atividades do Dadá de Paris e dois anos depois, em 1924, Breton publica o primeiro manifesto surrealista e funda o movimento Surrealista, contando com a participação de grande número daqueles que outrora tinham sido dadaístas (RICHTER, 1993, p.265).

O “Primeiro Manifesto do Surrealismo” é escrito por Breton e assinado pelos seus co- fundadores: Srs. Aragon, Baron, Boiffard, Breton, Carrive, Crevel, Delteil, Desnos, Éluard, Gérard, Limbour, Malkine, Morise, Naville, Noll, Péret, Picon, Soupault e Vitrac. Breton inicia suas páginas criticando a tirania das necessidades práticas, o espírito utilitarista da sociedade burguesa, o encarceramento do espírito do homem e sua

progressiva limitação. Para libertar o homem dessas amarras, Breton propõe e define o surrealismo como:

SURREALISMO, s. m. Automatismo psíquico puro, pelo qual se pretende exprimir, verbalmente ou por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de qualquer vigilância exercida pela razão, para além de qualquer preocupação estética ou moral. (BRETON, 1976, p.47).

É relevante salientar que o primeiro período do surrealismo, assim como o seu momento de formação é marcado por suas experiências com a ideia de acaso, as narrações dos sonhos, as poesias automáticas, as deambulações e os jogos coletivos como o “cadáver delicioso”. A primeira compilação dos materiais frutos da escrita automática resulta no livro “Os Campos Magnéticos”, de André Breton e Philippe Soupault, que está na formação do movimento, escrito em 1919 e publicado em 1920, ainda durante o período do Dadá de Paris. A primeira experiência de deambulação, realizada por Breton, Louis Aragon, Max Morise e Roger Vitrac, ocorre em maio de 1924, quando decidem sair da cidade de Paris de trem em direção à cidade de Blois, a qual escolheram ao acaso no mapa, e prosseguir a pé pelas cidades de Sologne, Salbris, Gien e Cour-Chevigny até chegarem à cidade de Romorantin, é concomitante a produção do primeiro manifesto (embora Breton não cite) (BANDINI in ANDREOTTI, 1996). Essa primeira fase do surrealismo é representada pela publicação de sua revista “A Revolução Surrealista”, a qual contou com doze números publicados, de 1924 a 1929. O “Segundo Manifesto do Surrealismo”, publicado na última edição de “A Revolução Surrealista”, em 1929, marca uma ruptura dentro do grupo e o início da segunda fase do movimento, no qual o engajamento político e a revolução social são as principais preocupações de Breton. “A Revolução Surrealista”, seguindo a nova orientação do surrealismo, muda seu título para “O Surrealismo a Serviço da Revolução (Le S.A.S.D.L.R.)”, no ano de 1930, e são publicados seis edições até maio de 1933, mesmo ano no qual Breton é expulso do PCF. (HOFMANN, 2001).

A terceira fase do Surrealismo se inicia com a colaboração entre Albert Skira e Breton na edição da revista “Minotaure”, na qual o movimento perde o seu vigor inicial e abre mão de suas transformações sociais, em contrapartida, ganha grande repercussão com o público não especializado, consagrando o surrealismo como um grande movimento catalisador das artes modernas. Foram publicados doze números de “Minotaure” até fevereiro de 1939, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, suas atividades foram encerradas e os surrealistas fogem para o exilio em Nova York, em 1940, onde Breton permanece até o fim da guerra (HOFMANN, 2001). Breton retorna à Paris em 1946, onde continua morando até o seu falecimento em 1966. Durante esse período o poeta francês manteve suas atividades em torno do surrealismo e apoiou os novos artistas da segunda geração do movimento, os quais organizavam as publicações “Médium” (1953-1954), “Le Surréalisme Même” (1958-1959), entre outras. Esses segundo os situacionistas testemunhavam a plena decadência da terceira fase do surrealismo e serão criticados duramente.

As primeiras vanguardas do pós-guerra a romperem com o surrealismo e denunciarem a sua decadência, são o movimento Letrista (1946), a Internacional Letrista (1952-1957), o COBRA (1948-1951) e o Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista – M.I.B.I. (1953-1957), que posteriormente dão origem à Internacional Situacionista (1957-1972). O Movimento Letrista foi fundado oficialmente em Paris, no dia 8 de janeiro de 1946, quando os dois amigos e poetas Isidore Isou e Grabriel Pomerand, organizaram o primeiro evento Letrista na sala da Sociedade Científica. Alguns meses

depois, recorrendo à tática do escândalo dadaísta, os letristas interrompem a primeira performance do pós-guerra de Tristan Tzara, “O Vôo”1, para proclamarem suas poesias, o nascimento do novo movimento e o fim do movimento Surrealista. Os letristas propunham reduzir as palavras a letras e a poesia a uma experiência fonética, fundindo

poesia e música em uma única arte. A influência do dadaísmo em seus trabalhos não foi oficialmente revelada, o que levou alguns membros Dadá a acusarem os letristas de plagiadores (HOME, 2004).

Na Bélgica, um braço do movimento surrealista é fundado em 1926, no qual Christian Dotremont inicia o seu engajamento. Entretanto, com o direcionamento de Breton para o ocultismo, na terceira fase do surrealismo, Dotremont rompe com o movimento e funda junto com Joseph Noiret o Grupo Revolucionário Surrealista, em 1947, o qual reclama uma revisão do engajamento político do surrealismo, uma renovação da experimentação surrealista e afirmação de sua independência. No ano seguinte, em 1948, Joseph Noiret e Christian Dotremont abandonaram a conferência no “Centro Internacional para a Documentação da Arte de Vanguarda”, realizada em Paris, na qual estavam na condição de membros representantes de Bruxelas, para protestarem contra a superficialidade do debate ocorrido. Junto à organização do protesto estavam os artistas Asger Jorn (de Copenhague), Nieuwenhuis Constant, Karel Appel e Corneille (de Amsterdã), reunidos eles fundam o movimento COBRA, cujo nome era o resultado das iniciais de suas cidades de origem. Durante o encontro Dotremont redigiu um contra-

manifesto intitulado “A Causa era ouvida”2, em resposta à declaração dos surrealistas franceses “A Causa é ouvida”3. Nele Dotremont critica o direcionamento surrealista ao misticismo e à magia, e defende uma arte experimental coletiva, voltada para formas espontâneas e com ênfase no imaginário fantástico. Todos os presentes assinaram o manifesto oficializando a formação do grupo, os quais adotaram como símbolo uma cobra enrolada. (COBRA-MUSEUM, 2012). Após o fim do grupo COBRA, em 1951, Dotremont ainda se envolveria com a publicação da revista surrealista belga “Les Lèvres Nues”, publicando doze números entre 1954 e 1958. Durante o período, foram estabelecidos contatos diretos com a Internacional Letrista.

O movimento da Internacional Letrista (I.L.), é formado em outubro de 1952, a partir da ruptura com o movimento Letrista. Guy Debord e Gil J. Wolman entram para o letrismo em 1951, no entanto, por julgarem as atividades do grupo e principalmente de Isou mais uma tentativa de renovação estética das artes, decidem formar no ano seguinte um novo grupo, que reuniria a “esquerda do movimento Letrista”. Os seus principais membros foram Guy Debord, Gil J. Wolman, Mohamed Dahou e Michèle Bernstein, que se tornou a primeira esposa de Debord. A I.L. propunha “vivenciar” a revolução cultural e elaborar novos procedimentos de intervenção na vida cotidiana. Inicia-se a ideia da realização da arte na vida, a qual será posteriormente aprofundada na Internacional Situacionista. A divulgação do ideário do movimento ocorria através do seu boletim intitulado Potlatch. Ao longo dos cinco anos de existência da I.L., foram lançados vinte e nove números do boletim, o primeiro número é publicado em junho de 1954 e o último em novembro de 1957, após a formação da Internacional Situacionista, em julho do mesmo ano (DEBORD, 1996, p.7). Potlatch também se posicionava criticamente ao surrealismo do pós-guerra, o que levou a colaboração com a revista surrealista belga “Les Lèvres Nues”, a qual Debord publica: no sexto número, o texto “Introdução a uma crítica da Geografia Urbana”; em 1956, junto com Wolman, no oitavo número, o texto “Modo de emprego do desvio”; e no mesmo ano, no nono número, o texto “Teoria da

1 Tradução do autor. Texto original: “La Fuite”.

2Tradução do autor. Texto original: “La Cause était entendue”.

3Tradução do autor. Texto original:“La Cause est entendue”.

Deriva”, o qual será republicado no segundo número do boletim da Internacional Situacionista, em 1958. A Internacional Letrista antecipa muitas das práticas situacionistas e se lança à investigação do meio urbano, na tentativa de descobrir os efeitos psicológicos e fisiológicos do meio urbano.

O Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista (MIBI) foi fundado por Asger Jorn, em dezembro de 1953, como reação a fundação de ULM, idealizada pelo arquiteto Max Bill em 1952. ULM propunha resgatar os princípios da Bauhaus dos anos 1920, suprimindo, entretanto, as pesquisas de imaginação e fantasia, buscando apenas a instrução técnica, enquanto Jorn se posicionava radicalmente contrario a essa proposta, defendendo no MIBI, uma arte experimental, com exercícios de fantasia e imaginação. O ideário do MIBI estava muito próximo do ideário do extinto grupo COBRA, inclusive, Jorn convoca para o MIBI, ex-membros do COBRA, como Dotremont, Alechinsky, Appel e Constant. No ano de 1954 o MIBI estabelece contatos com a Internacional Letrista, Jorn publica no décimo quinto número de Potlatch, o texto “Uma Arquitetura da Vida”, e partir dessa aproximação foi organizado o “Primeiro Congresso Mundial de Artistas Livres”, realizado no salão municipal de Alba na Itália, em setembro de 1956, o qual dá origem a Internacional Situacionista (HOME, 2004).

O “Primeiro Congresso Mundial de Artistas Livres” reuniu pela primeira vez os integrantes do MIBI, da I.L. e ex-integrantes do COBRA. Durante o congresso foi produzida uma resolução assinada, declarando a “necessidade de uma construção integral do ambiente por um urbanismo unitário, que deve utilizar todas as artes e técnicas modernas”; a “inevitável superação de qualquer tentativa de renovação das artes dentro de seus limites tradicionais”; o “reconhecimento de uma interdependência essencial entre urbanismo unitário e um futuro estilo de vida”, que deve situar-se na “perspectiva de maior liberdade real e maior dominação da natureza”; e a “união de ação entre os que assinam para a base deste programa”. Esses conceitos serão a plataforma teórica utilizada pela Internacional Situacionista (I.S.). No ano seguinte, nos arredores da vila Cosio d’Arroscia, na Itália, no dia 28 de julho, de 1957, ocorreu à fusão dos grupos MIBI, Internacional Letrista (I.L.) e Associação Psicogeográfica de Londres (LPA), assim a fundação da Internacional Situacionista (I.S.) foi proclamada (HOME, 2004, p. 48).

Além do panorama histórico das vanguardas analisadas, podemos buscar as origens da prática de apreender o espaço urbano pela ação do andar, através da análise que Walter Benjamin faz do flâneur, vivido por Charles Baudelaire. O flâneur, surge como uma distinta figura do começo do século XIX em Paris, retratado como um observador lento e desinteressado do cenário urbano, saboreando o prazer de perder-se entre a multidão, se tornando um espectador secreto das transformações da cidade em seu processo de modernização. Posteriormente Walter Benjamin, no livro “Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo”, constata que as ruas de Paris nas quais nasceu o flâneur já não existiam mais, o seu contexto social e espacial foram alterados em meados do século XIX, pelas reformas higienistas do Barão Haussmann e pelo crescimento do tráfego de veículos. (BASSETT, 2004, p.398). No final de sua carreira, Benjamin retoma os estudos sobre o flâneur e os relaciona com as deambulações surrealistas. No texto “O Surrealismo. O último instantâneo da inteligência europeia” (1929), Benjamin ressalta criticamente o potencial dialético revolucionário do surrealismo e indica os seus limites. Para Benjamin as deambulações surrealistas estavam limitadas aos seus sonhos individuais, ao invés de lutarem pelo despertar dos cidadãos, em relação ao que ele classificava como o mundo dos sonhos coletivos das mercadorias fetichizadas. Em seu último livro, “Passagens (1927-1940)”, não finalizado devido ao seu falecimento, Benjamin vê as Passagens de Paris, em estado de decadência, como o templo original da

mercadoria capitalista, onde se encontram os rastros das fantasias perdidas da pré- história da modernidade. Para escavar os seus segredos escondidos são necessários três procedimentos, representados em três figuras: o arqueólogo, o colecionador e o flâneur. O arqueólogo escava o passado, enquanto o colecionador retira o objeto de seu contexto original, revelando a sua verdade escondida através de técnicas como a montagem. O flâneur é o personagem que atravessa a cidade procurando através dos labirintos das passagens e das massas, as imagens, as quais serviram de ponto de partida para a complexa noção de Benjamin de “imagem dialética”. No momento em que essas imagens sobrepõem o passado e o presente, ela ilumina uma “constelação”, a qual promove um instante de iluminação e o despertar do mundo dos sonhos coletivos das mercadorias. (BASSETT, 2004, p.399).

A visita Dadá à igreja “Saint Julien Le Pauvre”, realizada em abril de 1921, como vimos, foi uma tentativa de renovação das atividades do grupo a qual foi rapidamente abandonada. Porém, para o autor Francesco Careri, a primeira visita Dadá é um marco da tentativa inicial de se suprimir a produção de obras de arte, com o objetivo de realizar a dessacralização total da arte e fundi-la com a vida, a qual se consistiu apenas na experiência estética de percorrer o espaço sem deixar vestígios físicos, somente documentando a operação com anotações e fotografias. Através do paradigma situacionista, o surrealismo só tem valor como um desdobramento dessa exigência Dadá, de realização da arte na vida cotidiana, a qual é efetuada nas deambulações. Além desse aspecto, Careri marca a importância da vista Dadá, por considerá-la o momento de subversão dos tradicionais meios de intervenção na cidade, até então restritos aos especialistas arquitetos e urbanistas. A experiência Dadá oferece aos artistas novas possibilidades de agir na cidade, as quais estavam restritas à ornamentação dos espaços públicos através da implantação de objetos escultóricos (CARERI, 2002).

Breton, como membro do Dadá de Paris, participou da visita Dadá e levará para o surrealismo a ideia de apreender o espaço urbano através da prática do andar, reformulando a experiência, a qual se constitui a deambulação. Na primeira experiência de deambulação, realizada em maio de 1924, os surrealistas saem do ambiente urbano em direção ao campo, deambulando por bosques, campos e vilarejos. Entretanto, posteriormente os surrealistas nunca mais voltaram a realizar deambulações no campo, tornando a atividade estritamente urbana, concentrada na cidade de Paris. As deambulações realizadas sem objetivos e fins racionais têm como finalidade alcançar a surrealidade através do caminhar sem direção, de chegar aos limites da percepção inconsciente e consciente do espaço; ao longo do percurso o espaço da cidade proporciona uma multiplicidade de encontros e desencontros ocorridos ao sabor do acaso, vivenciando acontecimentos não planejados e descobrindo as paisagens ilógicas que satisfazem os desejos do inconsciente (BANDINI in ANDREOTTI, 1996, p.41). Para Careri as deambulações revelam os territórios inconscientes da cidade de Paris. Os surrealistas não chegam a elaborar mapas afetivos, como os situacionistas posteriormente farão, mas produziram grandes narrativas e registros fotográficos de suas experiências de deambulação, nas quais Paris figura não somente como um palco para aquilo que é narrado, mas também como um verdadeiro personagem. As experiências de deambulação dão origens aos livros: “O Camponês de Paris” de 1926, de Louis Aragon, “Najda” de 1928 e “O Amor Louco” de 1937, de André Breton. As narrativas surrealistas revelam a busca de identificar através da deambulação a inter- relação psicológica entre ambientes urbanos e o indivíduo, a rua movimentada e moderna, as praças, os bares, o jardim público, o pulsar das encruzilhadas, as quais se tornam o foco dos surrealistas que captam uma obscura força de atração e repulsão que

emanam desses espaços. Breton no livro “A Chave dos Campos”4 (1953), relata que ao percorrer habitualmente uma rua “[...] podemos reconhecer nela, se prestarmos um mínimo de atenção, zonas de bem-estar e de mal-estar que se alternam, e cujos respectivos comprimentos poderíamos chegar a estabelecer.”5 (BRETON apud BANDINI in ANDREOTTI, 1996, p.43).

Os situacionistas reveem criticamente o movimento Surrealista, tanto quanto o Dadá. Ao Dadá atribuem o papel positivo de ter proposto a supressão da arte, ou seja, o fim da arte como ação especializada, a ampliação da liberdade no campo da cultura e o fim da produção de objetos de arte. Entretanto, segundo os situacionistas, o Dadá se limitou à expressão da liberdade, não chegando à sua realização na vida. Para a I.S. o Surrealismo só tem valor como um prolongamento dessa exigência. Portanto, a realização da arte é o papel positivo que os situacionistas atribuem ao surrealismo, ou seja, a afirmação da “soberania do desejo e da surpresa”, e a tentativa na vida cotidiana de um “novo uso da vida”. Porém, ao tentarem a realização da arte, os surrealistas sobrevalorizaram o potencial revolucionário do inconsciente e abriram mão do projeto dadaísta de supressão da arte, o que os mantiveram nos limites da arte. A superação dialética proposta pelos situacionistas foi a “supressão e realização da arte”, a qual está diretamente ligada à formulação da ideia de construção de situações. A construção de situações é uma ideia complexa que envolve um conjunto de ações e conceitos que a compõe, esses são: comportamento experimental, deriva, psicogeografia, jogo permanente, desvio, urbanismo unitário e arquitetura situacionista. Em seguida, vamos apenas nos limitar a desenvolver a relação entre a prática da deriva e o estudo da psicogeografia.

As primeiras definições das operações situacionistas são oficialmente descritas no primeiro boletim da Internacional Situacionista, publicado em junho de 1958, no entanto será no texto “Teoria da Deriva”, republicado em dezembro de 1958, no segundo boletim da I.S., que Guy Debord irá explicar de maneira mais extensa os aspectos da deriva; é importante ressaltar que o texto “Teoria da Deriva” é originalmente escrito e divulgado em 1956, no jornal surrealista belga “Les Lèvres Nues”, durante o engajamento de Debord na Internacional Letrista. A deriva é inicialmente descrita como:

Deriva: Modo de comportamento experimental ligado às condições da sociedade urbana: técnica da passagem rápida por ambiências variadas. Diz-se também, mais particularmente, para designar a duração de um exercício contínuo dessa experiência. (I.S. n°1 In JACQUES, 2OO3, p.65).

Nesta primeira definição devemos ressaltar que a referida “passagem rápida por ambiências variadas” é radicalmente oposta às tradicionais noções de viagem e de passeio, porque implica na afirmação de um “Modo de comportamento experimental ligado às condições da sociedade urbana”, relacionado a ideai de uma nova forma de apropriação do espaço urbano, que é definida como a prática do desvio aplicado ao urbanismo. A deriva também se constitui como um exercício prático da psicogeografia. No texto “Teoria da Deriva”, Debord esclarece que a deriva é composta por duas ações indissociáveis, a de “[...] reconhecimento de efeitos de natureza psicogeográfica e à afirmação de um comportamento lúdico-construtivo.” (DEBORD In JACQUES, 2OO3, p.87). A contribuição positiva do Surrealismo de um novo uso da vida, segundo a

4Tradução do autor. Texto original: “La Clé des Champs.

5Tradução do autor. Texto original:”[...] podemos reconocer en ella, si prestamos un mínimo de atención, zonas de bienestar y de malestar que se alternan, y cuyas respectivas longitudes podríamos llegar a establecer.”

revisão crítica da I.S., é incorporada no “modo de comportamento experimental”, entretanto, a libertação do indivíduo na vida cotidiana não é mais conquistada pelo potencial inconsciente da vida, mas pela “afirmação de um comportamento lúdico- construtivo”. A libertação pelo jogo situacionista é diretamente influenciada pelo conceito de Homo Ludens de Johan Huizinga. O outro aspecto fundamental da deriva, que rompe diretamente com a prática da deambulação surrealista, é o seu caráter objetivo, de pretensão científica, de “estudo dos efeitos exatos do meio geográfico, conscientemente planejados ou não, que agem diretamente sobre o comportamento afetivo dos indivíduos (definição de psicogeografia).” (I.S. n°1 In JACQUES, 2OO3, p.65). Logo, para os situacionistas a apreensão do espaço urbano pela prática do andar não é mais subjetiva como nas deambulações, mas racional, tentando identificar:

[...] um relevo psicogeográfico das cidades, com correntes constantes, pontos fixos e turbilhões que tornam muito inóspitas a entrada ou saída de certas zonas. [...] A exploração de um campo espacial marcado supõe portanto o estabelecimento de bases, e o cálculo das direções de penetração. (DEBORD In JACQUES, 2OO3, p.87,90).

Apesar dos instrumentos e aspectos objetivos da deriva ligados ao estudo da psicogeografia, Debord reconhece que em sua unidade ainda permaneça “o indeterminado” existente na ação do “deixar-se levar”, do perder-se, da herança da errância. Logo é possível realizar derivas enfatizando, ora a busca por resultados afetivos desnorteantes, ora o seu aspecto objetivo como estudo do terreno. Porém, “Não convém esquecer que esses dois aspectos da deriva apresentam múltiplas interferências e que é impossível isolar um deles perfeitamente.” (DEBORD In JACQUES, 2OO3, p.89). Portanto, o acaso, o indeterminado, ainda permanece na deriva, porém com um papel secundário. Enfim, a deriva se constitui pela tensão entre essas duas forças, as quais permitem estabelecer as articulações psicogeográficas de uma cidade, segundo a teoria situacionista. Logo a psicogeografia caracterizava-se como uma geografia afetiva, identificando na cidade diferentes ambiências de atração e repulsão, alegria e tristeza, euforia e monotonia. O mapa afetivo mais famoso produzido pelos situacionistas é: “A Cidade Nua, ilustrações de hipóteses de placas giratórias”, assinado por Debord em

19576, o qual se tornou um ícone situacionista pelo fato de ser a melhor representação do exercício da deriva, da psicogeografia e da ideia de urbanismo unitário.

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6Tradução do autor. Texto original: “The Naked City, illustration de l’hypothèse des plaques tournantes”.

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